Ao contrário do que é devido, do que se pretende, do que se deve mas nunca, e digo nunca com toda a afirmação que esta palavra transporta, ao contrário do que se sente. Estamos aqui e deviamos ter estado sempre ali, caminhamos nesta direcção e a que deviamos ter seguido sempre era a outra, falamos quando deviamos permanecer em silêncio e sempre que alguma coisa devia ser dita, há uma uma força que nos cose os lábios e torna muda a nossa eloquência sentimental. Creio na força que nos uniu, que nos mantem juntos e que faz com que a cada momento avancemos no olhar do outro. Quero congelar, um a um, cada momento, para que nunca percam a intensidade, o aroma e a frescura do que sinto.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
quarta-feira, 3 de junho de 2009
A presença na minha ausência*
Este não pertende ser um *'livro de mágoas', nem uma *'bíblia de tristes' ou sequer testemunhos desventurados. Abençoados são aqueles que desgarram os momentos de dor, ansiedade e saudade porque as sombras que nos seguem, as que criamos e a nossa própria fazem-nos já sentir. São estes os que ficam sempre que outros permanecem apartados. A distancia é para além de uma emoção, faz sentir-se como um objecto frio, de cor metálica e arestas cortantes. Vai entranhando e fazendo substituir-se ao sangue quente e vermelho que corre languido na espera do regresso, *'e a minha boca tem uns beijos mudos,' *'e as minhas mãos, uns pálidos veludos'. É assim que permaneço. É importante que continue, permanecendo. Temporariamente só, temporariamente longe, temporariamente. Que fiquem as desilusões, os orgulhos, as horas, os anos mas as nossas bocas, que fiquem sempre juntas. Quero fazer de um sim,* uma certeza de que nem sitio ou flor se aconcheguem primeiro a mim e que não deixaremos o nosso sabor.
*Florbela Espanca - poemas
* Sara Tavares
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Não há nada que levar a mal...
quero-te, gosto-te, desejo-te, anseio-te, temo-te, protejo-te, adoro-te, procuro-te, ambiciono-te, preciso-te.
sábado, 23 de maio de 2009
começamos ao contrário
não podemos inverter a ordem natural das coisas. é como viver dentro de um relógio sem sermos ponteiros. seguem o seu caminho mesmo que o nosso o contrarie. não seriam sós as nossas horas perdidas. perdia o sono, o conforto e até o sol para me perder contigo.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
*"O coração guarda o que nos escapa das mãos"
No que diz respeito ao amor. Guarda e segura mesmo aquilo que não está sequer ao alcance dos olhos. E nas pessoas? É verdade que o coração sente de facto? Que recebemos a indicação do que temos e, que muitas vezes, são os olhos que não deixam ver? Ou é a razão que anuncia e o coração que tapa? São os outros ou apenas as nossas expectativas? Queremos muito ter aquilo que pensamos ver ou vemos muito para além do que temos? Preciso-te como te vejo. Quero-te como te penso ter. Que aconteça como preciso e quero e penso quereres. Não estaremos só iludidos com o que vemos pensado que é isso que temos? Será assim que acontece? E na tua cabeça? Como pensas querer-nos? Caminhamos parados lado a lado para coisa nenhuma ou sou eu que não consigo ver? Estou cansada e mesmo quando ainda te tenho sinto a nossa falta. *"A vida é uma coisa,o amor é outra" e se apenas um momento de amor pode valer uma vida inteira, sinto que nós temos direito a várias. Quero-as inteiras. *"Por muito longe,por muito difícil,por muito desesperadamente." *(obrigada Pedro por lembrares este texto do MEC)
terça-feira, 12 de maio de 2009
(começamos ao contrário)
ouvimos o vazio. aquele som de barulho nenhum que parece ensurdecer-nos. perdemo-nos em pensamentos que não temos. alimentamos os nossos dias de bocas vazias. enchemos a nossa vida de lugares comuns onde nunca chegamos a estar. falamos com pessoas que não ouvimos e somos insistentemente exteriores a nós. começamos ao contrário e seguimos no sentido inverso. desenrolamos a espiral do nosso pensamento sem encontrar o principio. finalmente chegamos a lugar nenhum e fechamos os olhos. vemos finalmente as cores, a luz, as coisas, vejo-te. só assim te consigo ver, quando fecho os meus olhos. encontramo-nos finalmente sem nos podermos tocar. olhamo-nos sem que veja os teus olhos. ficamos ali lado a lado sem que nenhum espaço seja partilhado.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
a escorregar das mãos sem as conseguir fechar
o tempo passa a correr. crescem-nos os cabelos, perdemos outros, largam a cor, ganhamos mais uns traços na pele que nos obrigam a lembrar como passa tudo tão depressa. coisas que nos parecem imutaveis e imperdiveis toda uma vida e que de repente, num acto de segundos, se perdem como se nunca materializassem tal intensidade. o que outrora se definia como uma emaranhado de raizes, aparece agora sem qualquer vestigio de proximidade. passam-nos os dias, as horas, o amor, a amizade.. passam por nós e alguns ficam, esperando que sejam os que valem a pena. uns passam ao lado, por distração ou apenas por ordem do destino. é preciso continuar a caminhar em frente. não atentar a distrações. por mais passos ao lado que se dê, interessa focar no caminho. voltamos sempre. voltamos sempre ao que somos, ao que nunca muda, ao que acreditamos, queremos e temos de mais precioso. queremos ter-nos lado a lado. 'ninguém é feliz sozinho'. como peças de puzzle pousamos as nossas almas nas mãos de outras e a magia acontece. que assim seja contigo.
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