'You might even feel as if your wings have been clipped and that there is less free will available to you now. But don't give up, even if you must be quiet for a while longer.'
terça-feira, 11 de novembro de 2008
começamos ao contrário
Caminhava leve e lenta sobre as vistas da cidade. O rio não corria naquela manhã, parecia deslizar, quase a planar entre as margens. Vi o meu olhar extasiado reflectido no vidro do eléctrico e dali vi passar a casa. Era um prédio comum, branco. As varandas marcavam de forma romântica aquela fachada e acompanhavam o desenho dos azulejos que as desunia do primeiro piso, marcado de forma arrogante por uma grande entrada de madeira e grades verdes. Uma rua estreita onde todos se conhecem, pode fazer-se uma vida ali. Há jornais e cheiro a café, pão e fruta, há restaurantes de gente simpática, podemos correr aromas desde o japão às nossas pataniscas. Conhecem-se gerações. Á noite enche-se a rua de luzes, de risos, músicas e vozes. Pelas janelas abertas deste prédio, vêm-se familias a jantar, casais a ver filmes aconchegados no sofá, grupos de amigos sentados em volta de uma mesa e, no entanto, no meio de todo este movimento tudo me parecia desgarrado e passageiro. Talvez até um pouco triste e cruel. A minha roupa não me cabe, já não sei onde fica a minha casa. Perde-se o norte por vezes, é o que dizem. Fiquei parada a olhar, fiquei fixada nestas janelas, na esperança de me ver. De poder sorrir e acenar-me. De me ver feliz e envolvida.
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